Sim, a Terra por si só pode ser um lugar perigoso: terremotos,
inundações e outros desastres naturais mataram mais de 780.000 pessoas
na última década, e milhões ficaram feridos ou desabrigados. Ninguém
sabe o que a próxima década aguarda, mas devemos nos preocupar mais com
algumas áreas. Confira quais:
1 – Lago Nyos, Camarões
Um assassino silencioso se esconde sob a superfície desse lago do
Oeste Africano. A bolsa de magma nas suas profundezas vaza dióxido de
carbono para a superfície do lago. Sob a pressão de 200 metros de água, o
dióxido de carbono se dissolve (como a carbonatação em uma garrafa de
refrigerante).
Só que nem sempre. Na noite de 21 de agosto de 1986, a água no lago
de repente revolveu, e o dióxido de carbono se despressurizou e explodiu
como um refrigerante chacoalhado. A nuvem de dióxido de carbono
resultante se espalhou, asfixiando 1.700 pessoas e milhares de animais.
Nos 24 quilômetros de vale abaixo do lago, quase nada sobreviveu.
Hoje, tubos são usados para “retirar” o dióxido de carbono da água do
fundo do lago Nyos. Os tubos evitam o acúmulo do gás, mas isso não
torna o local totalmente seguro. O lago ainda é muito perigoso.
2 – Nápoles, Itália
Em 79 d.C., o Monte Vesúvio explodiu, enterrando as antigas cidades
de Pompéia e Herculano. Mais de 50 erupções subsequentes que deixaram
para trás cinzas e grandes cavidades, entretanto, não dissuadiram as
pessoas de povoar as encostas à beira-mar da cidade.
Nápoles fica na base do vulcão, e até 650.000 pessoas vivem nas suas
encostas. Uma erupção iminente poderia forçar a evacuação de mais de um
milhão de pessoas. Além disso, Vesúvio não é o único vulcão ativo
ameaçando esta área densamente povoada. O Mar Mediterrâneo ao largo da
costa da Itália é repleto de vulcões. O mais preocupante fica na ilha
turística Ischia. Uma erupção não só afetaria Nápoles como poderia ser
pior do que uma erupção hipotética do Vesúvio.
3 – Miami, Flórida
Ninguém pode prever onde um furacão vai surgir, mas o sul da Flórida é
sempre uma aposta razoável. O Serviço Geológico dos EUA estima que a
ponta sul da Flórida pode esperar mais de 60 furacões ao longo de um
período de 100 anos. Em 2008, Miami foi classificada como a cidade mais
arriscada para catástrofes naturais do país.
A história já é repleta deles. Em 1926, o Grande Furacão de Miami
destruiu ou danificou cada edifício no centro de Miami e matou pelo
menos 373 pessoas. Menos de 10 anos mais tarde, o furacão do Dia do
Trabalho de 1935 matou 408 pessoas na Flórida. Em 1960, o furacão Donna
rugiu através do sul da Flórida, trazendo consigo tempestades de 3 a 5
metros.
Talvez o furacão mais famoso seja o que atingiu o sul da Flórida em
1992. O furacão Andrew explodiu como uma tempestade de categoria 4 com
ventos tão altos que quebraram instrumentos de medição. Andrew matou 23
pessoas nos Estados Unidos, e custou mais de 41,57 bilhões de reais.
4 – Região Sahel, África
A seca não recebe tanta atenção quanto outros desastres naturais, mas
pode ser uma grande assassina: mais de 100.000 pessoas morreram por
causa da seca na região Sahel da África entre 1972 e 1984. Outros
750.000 foram incapazes de plantar e ficaram completamente dependentes
de ajuda para se alimentar.
A região árida do Sahel faz fronteira com o deserto do Saara, que se
estende pelo norte da África através da Mauritânia, Senegal, Mali,
Níger, Burquina Faso, Nigéria, Chade, Sudão, Argélia, Etiópia e
Eritreia. A água limitada na área está causando desertificação,
aumentando ainda mais o risco de seca e fome na região.
5 – Guatemala
América Central é a casa de uma tripla ameaça: terremotos, furacões e
deslizamentos de terra. Juntamente com a costa ocidental da América do
Norte e do Sul, a América Central encontra-se no Anel de Fogo, um local
sismicamente ativo que circunda o Oceano Pacífico.
Guatemala não é o único país afetado, mas tem sido duramente
atingido: em 1976, um terremoto de 7,5 graus de magnitude matou 23.000
pessoas. Graças ao terreno montanhoso do país, deslizamentos de terra
dificultaram o transporte e os esforços de salvamento.
A combinação de topografia e clima pode ser fatal também. Fortes
chuvas podem saturar encostas, levando a deslizamentos de terra
devastadores. Em 2005, os restos do furacão Stan atingiram Guatemala, El
Salvador e sul do México, causando mais de 900 deslizamentos de terra.
Aldeias inteiras foram enterradas; uma, Panabaj, foi declarada um
cemitério depois que autoridades desistiram de escavar os corpos de 300
moradores desaparecidos. O número exato de mortos é desconhecido, mas
algumas estimativas sugerem que até 2.000 pessoas perderam a vida.
6 – Java e Sumatra, Indonésia
Essas duas ilhas da Indonésia enfrentam mais riscos de desastres
naturais do que qualquer outro lugar. Secas, inundações, terremotos,
deslizamentos de terra, vulcões, maremotos: todos ameaçam a Indonésia,
onde Java e Sumatra têm o maior risco.
O desastre mais famoso é o tsunami no Oceano Índico de 2004, que
matou um número estimado de 227.898 pessoas após um terremoto de 9,1
graus na escala Richter provocar a enorme onda. A Indonésia foi o mais
atingido entre os países do sudeste asiático afetados, com mais de
130.000 pessoas mortas.
Desastres menores causam sofrimento mais regular. Entre 1907 e 2004
(antes do tsunami), secas mataram 9.329 indonésios, vulcões mataram
17.945 pessoas e terremotos mataram 21.856. Uma das erupções mais
famosas da história, do vulcão Krakatoa, ocorreu no Estreito de Sunda
entre as duas ilhas. Recentemente, em fevereiro deste ano, enchentes
empurraram milhares de moradores a oeste de Java, e um deslizamento de
terra na vila de Tenjolaya matou dezenas de pessoas.
7 – Istambul, Turquia
Ninguém sabe quando a falha do Norte da Anatólia irá ruir, mas uma
coisa é certa: ela vai ruir. O terremoto resultante pode ser uma má
notícia para as 12,8 milhões de pessoas em Istambul.
No século passado, terremotos na falha no norte da Turquia têm
aumentado para o oeste. O último grande terremoto aconteceu em 1999,
quando um tremor de 7,6 graus devastou a cidade de Izmit. O número
oficial de mortos é de cerca de 17.000, mas uma estimativa o aumenta
para 45.000.
A próxima vez que o chão tremer, os cientistas esperam que seja ainda
mais a oeste, ao sul de Istambul. Um estudo realizado em janeiro de
2010 concluiu que as tensões ao longo da falha poderiam provocar
múltiplos terremotos, ou ela poderia ruir de uma vez. Em março, o
geofísico Tom Parsons disse que as chances de Istambul ser atingida por
um terremoto de magnitude 7 ou maior nos próximos 25 anos são entre 30 e
60%.